A minha Cidade é escura mas alegre por dentro; nos últimos tempos têm-se transformado
num covil de apuros e inquietações.
A minha Cidade grita sempre que vem luz. Quando há des-luzes, tudo pára num silêncio
triste. Só se brota os sons de motores que ocupam o nosso espaço público. Os
transeuntes abocanham o desespero, gritam de ouvidos moucos, porque não podem
gritar de outra forma. É triste ver a minha Cidade triste.
No passado
foi calmo. Agora que há progresso, a gente não suporta o escuro. O nu do escuro
obscurece o tempo, o tempo conquistado com trabalho e sacrifícios. Depois de
trabalho, o lúdico já não tem mais piada. No nosso espaço público voam perigos.
Faces, desfaces, assaltam a gente que com o escuro não se identifica. Os
assaltantes são os nossos irmãos e vizinhos. A vizinhança tornou-se perigosa.
Já não há confiança para uma dança da vida.
Eu quero
acreditar que a minha Cidade, talvez tenha paz e luzes. Tenha esperança nos
toques de nós mesmo. Sem vira-toques que gotejam às brigas.
Por acaso
gosto da minha Cidade, apesar de tudo. Gostaria de ver nascer nova cidade, com
luzes e alegria. Que o progresso não seja teórico de fachada mas teórico
efectivo. Que a efectividade mora em cada um de nós.
Será que é
pedir muito?
Sem comentários:
Enviar um comentário