A reconstrução do negreiro e as palmas da formiga

A história está sempre a repetir. De pequenas nuances e rearranjos em alguns pontos, a história segue o seu rumo para a repetição da memória. Sobre a memória histórica e a utilização de Cabo Verde como plataforma para o acolhimento de seres humanos foi no passado, e assim é no presente, e o futuro cabe a nós dizer stop. Isto não pode ser! Todos sabem que Cabo Verde é uma pequena formiga no campo geopolítico. A nossa condição de mão estendida, e aluno simpático e cumpridor (em alguns pontos) faz com que a nossa condição de existência passe sempre por satisfazer jogos hegemónicos que nos últimos tempos têm sido muito agressivo em todos os níveis.

Ninguém faz ideia da aceitação desta regra do jogo. Cabo Verde sabe que um simples facilitação de vistos não resolve problemas estruturais. Na minha opinião essa história de facilitação de vistos, com a contrapartida que todos protestam, é mais uma história de carochinha para enganar as meninadas das ilhas. Se os “tubarões vermelhos” querem fechar o espaço Schengen e reduzir para metade os imigrantes, não vai ser os cabo-verdianos que irão salvar a Europa com músicas, djatus e o enamoramento das cotas e miúdas universitárias.

Ao aceitar receber os imigrantes de países terceiros estamos a reconstruir o tráfico negreiro cujo palco são as nossas frágeis estruturas. Mesmo que nos ofereçam milhões para ajudar nas despesas da deportação, quem nos garante que os custos humanos, matérias e tecnológicos (francamente incipiente) serão salvaguardados no futuro… Alguém questionou sobre as nossas debilidades, materiais e imateriais? Temos recursos humanos suficientes e capazes? Os nossos know How serão capazes de lidar com uma situação desse calibre? E as nossas populações estão preparadas para servirem de cobaia dessa experiência desumana?

Não nos façam de jangada de pedra! Não façam de nós Arca de Noé de selecção das espécies… Caramba vida!