O relógio marca e desmarca. O ponteiro do relógio começa a dar sinal de fraqueza; quer continuar a marcar pontos mais não pode. Falta energia para continuar. 9:00; é o tempo que o relógio do meu quarto marca. Ficou parado, a dar esticões. Depois de uma jornada pela cidade para procurar trabalho, eis que fiquei cansado, com o tamanho desgosto que tenho para com a vida. Como dizia Morgadinho, no seu álbum crioulo na França, procurar trabalho é como procurar a guerra. O problema é mesmo guerra. É mais uma espécie de guerra fria para com o mundo. Uma guerra de gastar dinheiro para a documentação; uma guerra de entregar os processos para ficar a feder nos arquivos; uma guerra de ter de apanhar uma funcionária mal-humorada; uma guerra de ter que esperar porque a electra, pimba! Revejo-me neste imbróglio, fico a pensar sobre a realidade do meu país. Veio-me a cabeça ao pensar no carro que o Lopi comprou. O Lopi era um tipo sonhador, via tudo como mar de rosas. Era um homem que perdia de amores pelas moças do bairro. Bastava vê-las, pelo aspecto exterior, que ficava todo babado, apaixonava-se logo. A relação nunca durava mais do que um dia. Tal era o desgosto dele. Voltando para a cerne da questão, o carro do Lopi. O carro parecia de boa marca, aparentava bom aspecto exterior, parecia novo. O problema era que o carro tinha defeito no motor e... O motor era velho, tal como os restantes elementos do sistema. Agora vendo para o meu país, revejo tamanha semelhança com o carro do Lopi: um país representada como referência em África que funciona intermitentemente. A electra. Ah electra. A electra é só um vértice da pirâmide. Falhas mil que estão a vista de todos.
Revejo nas poesias e nas músicas, cantaroladas por diversos músicos e bandas - Cabo Verde di Sperança, Hello Cabo Verde Hello, uma certa inquietude e uma certa nostalgia provocada por uma ressaca de ponche de nha Nácia. Uma nostalgia de bebedeira, de festa, de fuga de responsabilidades. Já imaginaram Cabo Verde só sabura? Fico contente e esfrego as mãos. Que país sabe que era née! Poiis….pois. Interessante é que na festança todo gato é pardo e toda música é dançante. É na festança, posso chama-la de borga, que se assinam cheques e que se arranjam trabalho e biscates.
Agora, vamos para onde?...
Cabo Verde é um país com sorte. Muito boa gente gosta deste país. Se há boa vontade, a má vontade tem limite…
Como thug que sou, estarei de olhos para roubar os vossos truques e posta-las aqui, no meu diário.
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