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quarta-feira, 4 de maio de 2011

Thug: um produto cultural perto de si


10:30, no meu quarto. Um gira-disco dos anos dia-sá rebola como uma cadela coxa. Recordação do meu pai, que deus o tenha, emigrara para Portugal, cadete ainda, para fintar a miséria. O som do Bana traz sempre boas memórias e esperança, coisa que não acontece com os thugs. A minha geração dos thugs, não ouvimos os sons antigos mas neste momento sabe muito bem ouvir. Amim cordôd m sonha Cabo Verde é um paraíso cheio de jardim florido… Grande som. Que sonho perfeito.
Campanha presidencial já vem a porta. Como sempre, trazem baús dentro de sacos de hipocrisias travestidas de promessas. Vendem ilusões, criam falsas amizades, falam de tudo, de futebol, comem torresmos, cachupa, recebem beijos babados, apertam mãos calosas… No alambique da sede já se fermentam estratégias que não passam de jogos de striptease com as orgias de costume: tesão a mais com qualquer um, muita lata e pouco importa com quem andam. Na legislativa foi demais; os thugs tornaram-se heróis, brindaram-nos com sorrisos, coquetéis de notas e ordens de serviços. Foram oficializados como produto da cultura nacional a par da Cesária, da morna, do funana…Um dos grandes desafios é criar um cluster dos thugs para  a exportação. O ministério já está edificado com a bendita marca de «solidariedade da família ta-se bem». Cheira-me a feira da ladra. Que roubalheira meus senhores numa feira cultural perto de si.
Estou ansioso para a campanha presidencial. O meu presidente. O chefe máximo do meu país. Viva o meu presidente. Pelo que ouvi dizer, o garrafão de tequila travestido de grogue já vai a caminho das ilhas. Ilhas afortunadas, serão bafejadas com o sabor truncado de tequila com pólvora. Coitado do Lima, sozinho, com os piratas de caraíbas a visar para tudo quanto é sitio. A cidadania que o acuda. Não creio que sairá vivo. O zona ficará na zona. O M. Inocente e os piratas jogarão o esturro ácido aos olhos do povo. A tequila penetra nos poros e nos córtex da miséria, acelera a visão, dilatando as pupilas e as córneas. Não interessa o poder da visão. De zoom a mais e zoom a menos, o povo é vezeiro no seu paladar: come palha seca com as lentes esverdeadas. O paladar não interessa, o que conta é a cor.
A minha beata já está no fim. A fumaça já era, entrou nos muros do bairro. Alguém fala alto de Inocente. E eu sei? O que motiva uma pessoa para ser presidente da República? Vamos tentar alguns indicadores a ver se acertamos: sonho de infância? Imposição familiar? Exacerbar do ego? Cidadania? De concubina estratégica para governar? Este último ponto é demais. Ah! Esqueci de uma história: Alice no país das maravilhas que perdeu a virgindade enquanto sonhava. Quem era o arguto? Os políticos que não perdem a ocasião, mesmo na penumbra de um sonho fantásticos, pimba! 

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