Ads 468x60px

Labels

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Na calada da noite


 
No meu relógio marca 22:00. Na minha porta
Na porta da vida, o cenário de sempre, turvo que sustenta a briga
Choca-me de pensar e viver no bram-bram do bairro
Boca bedju entra na balada da rotina
Os corpos curvos gritam, a clemência
O perdão da perda da paciência
Os corpos de chumbo viajam pelo muro
Na calada da noite são as almas em trânsitos
as horas param para nunca mais passar
A minha cabeça violada de tanto bram-bram
Os meus olhos são o ventre da sirene e do flash
E a minha rua é um quadro de Munch
O grito fixo nos meus ouvidos
No tempo parado com o latir de cães
O negrume da rua perde com a violação dos gritos
A cinza dos traços, na des-nitidez da vida
A vigília torna-se no azedume de sempre
O filho é preso, matou o flano
Não há vivalma nas janelas
A porta virou portão de latão de prisão
No bairro, as orquestras dos cães se intensificam
Os vizinhos aparecem de caras opacas
Para lá das sombras, nos vidros baços e lamacentos
Respiram e transpiram medos
De corpos trémulos no calor da cafuca
A lua esconde a cara da vergonha
O ar bioco entra na manta das nuvens
Na esquina os gatos das núpcias tecem pragas
Olhando os gatos, a bala perdida namora o muro
Os gatos Fixam e olham a perdição do bairro

Sem comentários:

Enviar um comentário