Lamento do
meu avô:
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Essa gente perdeu a memória. Um dia há-de se comer o pão que o diabo amassou.
No
mesmo transe de memória, o meu avô jorrava pensamentos eloquentes. Palavras que
saem numa incursão halográfica, que tecem menções históricas, heróicas, e que
apelam à uma reflexão crítica do povo das ilhas.
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O meu povo levou chicote enquanto xingava. Cantou enquanto plantava; construiu
enquanto chorava. Tudo isso, no silêncio do tempo de um baú roubado.
E
o meu avô sofria enquanto nutria lamentos. Desconfortos nos dias que correm. As
mortes que bem podiam ser evitadas com conselhos de outros tempos.




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