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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

No diário: recado pa terra



O tempo é o tempo. O senhor de todos os saberes. Quem mata o tempo, fracassa em cada pegada do seu pedestal. O tempo é a nave; a nave imaginária que cabe todo o mundo e modos. No silêncio, a história se faz. Na cambalhota de trilhos trocados, de sonhos fermentados, de crenças e descrenças num deus maior. O tempo é deus.
No arquipélago onde nasci é como um museu imaginário. Cada ilha tem o seu quadro. Quadros policromos, outros monocromos, pintados de sanguinários pinceis, e de implacáveis bastões.
Santiago é a ilha do museu onde há bastões e pinceis sanguinários. Nos bairros as relações de forças estão distorcidas. A força central está cada vez mais frágil. Apesar de aumento nas fileiras policiais, os bandidos estão cada vez mais perigosos. Institucionalizam-se com indumentárias, palavreados e acções destrutivas da paz social. Tudo no barulho do dia e no calor da noite, na barba cara das autoridades. Complacência? Será o prenúncio do fim do Estado? A anarquia geral nas nossas urbes. O equilíbrio social é feito de relações de forças contrárias. Na física, a relação de forças de sinal contrário dá zero. É o dito equilíbrio, o grau zero da completude. Da paz social. Na sociedade cabo-verdiana temos relações de forças desencontradas. Algumas constituem inércias de contracorrente e contrachoque. A sociedade civil, por exemplo… A família perdeu a cartilha, a igreja já perdeu a bíblia e o sistema político perdeu a Constituição. Os bandidos assaltaram a paciência e a bondade da nossa gente. O sistema anda a drogar a nossa gente. Não tenho muita fé no sistema político das ilhas. Os senhores do sistema político para não perderem as mordomias tornam-se malandros. Recrutam nas fileiras, os desesperados, os carrascos sem almas. Esses carrascos fazem o servicinho de branqueamento, de assassinato de caracter, e de limpeza dos arquivos. As ilhas afortunadas andam a perder a fortuna da paz. Venderam almas ao fausto que por sua vez endossa ao diabo.
O povo tornou-se piranha. Nas paletas do pântano azul, destrói-se a fortuna e despreza a poupança. Dinheiro, gentilmente oferecido como Ajuda Pública ao Desenvolvimento, é desbaratado em coquetéis e orgias. Trocam tertúlias com pornografias colectivas, de salões de festas, e de voyeur facebookianas. Riolas nos cantos e perseguição aos seres pensantes; porque pensar atrapalha com disciplinas e detalhes da nossa história.  

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