Tudo estava calmo. O silêncio
invadiu os ouvidos de muita gente. Era o silêncio imposto perante a malfadada
discussão orçamental. Corpos hirtos, cansados de tanto ouvir as imaginações, os
truques de uma partida na peladinha, bocejando preguiças e contando o tempo que
não passara. Era com o esgrimir de argumentos e contra argumentos que os energúmenos
brindaram com manifestações intestinais brotando ruídos para a casa do povo. A fome
apertara. De certeza que a barriguinha reclamara mais pastos e repastos para
suster as investidas dos beligerantes de guerra fria.
O sol nas alturas, salvo as más
vontades da natureza, brilhara com intensidade. As nuvens passearam numa
romaria que deliciara os românticos da paz. Na Achada de Santo António dias
antes os thugs da urbe proclamaram tréguas com bênção dos padres e
pastores. A televisão pública esteve presente para testemunhar as passagens de “passas”
de marijuana entre os contendores. Alegria geral com o apaziguamento da paz de
espírito nas urbes. As armas ainda não foram entregues. As promessas de
entendimento exigem prolongamento e extensões do tempo, sem relaxamento.
No Parlamento, as coisas
seguiram com os mesmos arranjos. Todos sentados, bocejando e “bavardando” a la
francaise. O Ministro da Energia interviera para explicar o estado das coisas. A
energia Eléctrica que é a riqueza e orgulho da nação, qual economia criativa sem
claridade nas alturas… o senhor, timidamente açoitado pelo mundo crioulo, de
cabisbaixo, solto como grão-de-bico… abrira o bico para falar do pito. No preciso
instante, a luz eclipsou, deixara meio mundo nas escuras. A chacota tomara
conta da sala; o ministro titubeou e chorou desculpa que aprendera numa das
universidades do verão; boicote no parlamento, boicote na cidade… boicote
contra a minha pessoa. E o Luciano Pavaroti renascera da cova para cantar
salute tute e boa garfada de farra.
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