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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Marcha pela Cidade da Praia: Praiafornication 2


Safende, zona de mil nomes e histórias. Como em todos os bairros da capital, Safende nasceu de um intenso processo clandestina de apropriação fundiária. As pessoas do interior procuravam o sonho na cidade da Praia. Os badios «di fora» alimentavam aspirações de viver na Praia City, Cidade dos sonhos. A Praia era a civilização, e o interior era o alter-ego, identificado com o atraso, o bruto, a ignorância, etc. Na verdade, volvidos alguns anos, o sonho urbano transformou-se em operações de um sonho construído de imundices, assassinatos, venda de estupefacientes, de construções clandestinas nos leitos da ribeira, da fileira de prostituição, entre outros ambientes desviantes. A pacatez da zona transformou-a num dos lugares mais perigoso da capital; é conhecida por “Tchetchénia”, companheira da Bósnia. O animador da Rádio Nacional dizia, na rubrica noticia na língua de terra, “na Bósnia i Tchetchénia dja ca cococudu”. Quer dizer, estariam todos mortos devido as violências que se viviam por aquelas bandas. Safende é um espaço de violência. De violência física e simbólica há de tudo em safende. Certo dia, o Regué afiava a faca para ripostar ao Tchico d’Alda, um malcriado de Vila Nova; enquanto afiava a sua faca, chorava e soliloquiava para o dito cujo: “ah Tchico d’Alda sim pegabu… ah Tchico d’Alda sim pegadu…” Não queria imaginar no que seria se o Tchico aparecesse naquele momento.
Safende é famosa por ser dormitórios de bandidos e prostitutas. As casas foram construídas aleatoriamente nos leitos das ribeiras. Nas construções frágeis, a vida rural era recriada ali, nas casas, com um ou dois recortes, albergavam num mesmo espaço família inteira e animais. A insalubridade, a desorganização funcional do espaço, e os problemas sociais associados, fazem de Safende uma parte invisível da política governamental e local. Drogados mal nutridos, prostitutas nas esquinas, proxenetas a tagarelar para a outra banda, e tiros de boca bedju a completar o coquetel da imundice.
No autocarro, o Pedrinho seguia velozmente para o interior do submundo urbano....  (continua)

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