Agora que já choveu
tudo faz sentido sonhar. No arranjo do tempo, alegria benfazeja os ares dos
camponeses, a terra amarra o verde de forma tranquila. As gramas começam a
povoar os cutelos, uma invasão sobre o castanho do chão ferroso. As rochas
brilham de farturas que a água benta do céu faz menção de sublinhar. Que visita
saborosa, a chuva! Que cantares nos ares! Os bichos nascem e remanescem em cada
toque do tempo. As orquestras dos bichos fazem-me lembrar as lengalengas do
quotidiano; enxadas enferrujadas, balaios e bidons vazios, e o paleio do meu
vizinho Crispin, fazendo fé no oráculo de Nho Nacho. A chuva voltou, fazendo fé,
sempre na torna-viagem. Por que a chuva já mora na minha aldeia. Depois das
barragens, a chuva tem visitado sempre; tem feito alegorias de prazeres, nos
cantos e recantos das ilhas. A crença do Crispin inquieta, não se vislumbra no
oráculo de Nho Nacho.
A ciência humana e o
pragmatismo ajudam à revivificar os sonhos. Fintar o destino, exige estratégia
humana. As barragens tornaram os leitos secos em oásis de sonhos. As gramas e
folhagens dão corpo ao desejo. Ao espaço desejado, amado e sonhado. O verde que
a topografia histórica logrou chamar de um "cabo verde". Cabo Verde ao sol
vestido de verde, faz jus ao nome. O tempo virou para nós. Vaticínio de uma
hipotética mudança climática, favorecendo Cabo Verde? Que bondoso, o tempo é!
Tomara que a bonança perdure. Por que não há alma que não cura.
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