Neste momento perto da minha ex-Faculdade, Faculdade de Letras da UP, estão a silenciar os muros com águas e tintas. As frases da ordem estão a ser apagadas. O mais incrível é que, apesar de silenciarem os muros, os sentimentos das pessoas, os sofrimentos geo-referenciados nos corpos, jamais conseguirão apagar. As coisas estão pretas por esses lados. A abundância do capitalismo frenético deixou um buraco enorme de escassez e de sofrimentos de sonhos perdidos. As pessoas estão a sofrer muito e não há ciência que suavize esta crise de má memória.
Os suicídios aumentam todos os dias, os bastões das finanças já perderam a humanidade, tudo na lógica de salve quem puder. As ruas, quando não existe ajuntamento protestante, segue a sua desenvoltura no vazio; os espaços públicos perderam as almas. De vivalmas só se notam berros de inquietações nos muros das cidades, agora em processos de silenciamento.
As pessoas de outras margens que se cuidem. Sei que muitos cabo-verdianos querem aventurar-se neste pântano sem humanidade. O acordo para mobilidade é uma falsa questão. O time não é o melhor e não se conjectura momentos para a suavização do processo. O mercado de trabalho está em crise, a precariedade suga as almas nas desventuras de quem não tem como comer. Neste momento minha gente, é melhor ouvir os sons de boca bedju em Cabo Verde do que vir para aqui sofrer os bastões, a intolerância e o desprezo dos seres humanos. Os cidadãos estão a sofrer no silêncio. Inclusive muitos morrem no silêncio dos prédios sem alma subtraidos de medicamentos e de cuidados de assistência social. Os doentes oncológicos estão no desespero. Os gritos são globais, transversais que cruzam as estradas da vida da cidade perdida.
A vida rural está na moda. Reinventam-se as tradições, as terras que os senhores da Europa endossava com migalhas para não produzirem, a agricultura que já se torna na nova cultura de salvação. Enfim, este mundo, como dizia Kim di Santiago, "Pa torci" porque assim não dá.



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