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terça-feira, 28 de agosto de 2012

Praiafornications: a historia continua



A lenda urbana ganha corpo. As estórias contadas de infância eclipsam no baú da sargeta. Romarias de imaginações sufragam momentos de apuros, tecem na costura urbana da Praia city. Praia virou assassina. Os motivos são vários. O mito urbano diz que o corvo havia muito que se poisou no cemitério da varzea. Corpos disformes seguem os seus traços no caminho de Santiago. A estrada de Santiago ganhou pedregulhos e espinhas. Nem as estrelas brilham para iluminar os sonhos, há muitos desfeitos.
As casas perdem tino. Não há juiz que aguente a tamanha apatia das autoridades. A comunidade está ferida de morte. O silêncio perdeu o sinal. O barulho dos canos dos bichos ganha corpo em cada incursão urbana. É a nova largada no tempo de salve quem poder. O mocho, no seu sítio, ninguém ousa sentar. A Mariana chora firme, jura vingar a morte de um parente. Choros da comunidade são apagados com mais notícias de propaganda. O fulano foi capturado, o sicrano está de conluio com as autoridades. Que a jantarada de campanha é uma realidade. A Mariana chora mas não enfraquece, não há desmaio e nem o medo a demove da tentação. A vingança de alma ferida.
 A violência segue o seu intento firme. Ganha corpo de um gigante assassino de musculatura imponente. A cara feia do crime é o novo sinal de intimidação. A rua está deserta. Nem alma e vivalma ousam dar corpos a bala perdida. As balas são as novas alienígenas que invadem a nova Praia. A Praia que chora, que declina, que enfraquece na corda bamba do crime. Os valores foram enxugados e apagadas nos muros da cidade. A subversão dos valores segue os trilhos dos guizos dos pastores. Sons de longe é o benefício da morte. A cabra cega foi fodida por um pastor.
No caminho de santiago moravam os sonhos. As pessoas falam de que o sonho é o único caminho de fuga da realidade. A realidade, crua e nua, manifesta-se em cada esquina. Os sonhos parecem os matrecos na casa da falecida Porfica. As bolas do sonho são as carambolas que entram no buraco. A reprodução mecânica de chute no sonho, o engenho perdido.
O Pedrinho petrifica de tanto pensar. Chuva de lagrimas escorre da face fria do Pedrinho. O sentido do seu olhar discorre cenas episódicas da infância. Momentos de liberdade, de solidariedade de infância da Praia… mas também de recordações de penúria que lacrara a vida de muita gente no interior de Santiago. A memória de Pedrinho parece um artefacto holográfico. As cenas do quotidiano de Santiago são reconstruidas de forma autêntica. Bicharas que fintam a morte comendo lixos e pedras, trilhos desenhados nas encostas das montanhas, as viagens de mulas para a Praia, os funcos e os sobrados ganham lugar de imponência na memória. A vida quotidiana, simples de arranjos e perfeitos nas relações, traduz a harmonia e a coesão interna. As brigas nas comunidades eram facilmente sanadas com o mecanismo de punição social.
O carro da Maura Company segue sem parar. Os presentes, no debate urbano, proclamam tréguas da paz. A irmandade questiona o sentido colectivo e a morabeza nas ruas de amarguras….

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