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quarta-feira, 20 de junho de 2012

Boucas I



Fala-se de peito cheio que Cabo Verde é um país rico culturalmente. Nada contra! LoL. Agora eu pergunto: o que tem sido feito para o desenvolvimento cultural que tanto o país precisa? A sociedade civil cabo-verdiana, apesar de muito criticada - não pela passividade das suas acções culturais-, tem estado à altura de grandes desafios. Efectivamente precisamos de mais e mais. O governo central e as autarquias precisam mudar de atitudes; não gastar dinheiro desnecessariamente em festivais, e outras brejeirices.
Se a cultura é o conjunto de representações e práticas de conteúdos culturais de um povo, o divórcio dessas dimensões é preocupante. Urge resgatar a nossa memória, tornando-a num produto com valor acrescentado para o desenvolvimento da comunidade e da sociedade em geral.
Só para dar dois exemplos: tubarão azul (identidade atribuída) e o vulcão do Fogo.
A atribuição de nome tubarão azul à nossa selecção foi a melhor construção simbólica que se fez nos últimos anos. Incrivelmente foi-nos atribuído por jornalistas do nosso continente. Muitos cabo-verdianos não conhecem essa história mas é pura verdade.
Com essa atribuição simbólica porque que não criamos conteúdos, riqueza com essa distinção simbólica? Podíamos criar na cerâmica, nos tecidos, na música, na arte pública, e outros, discursos sobre essa construção simbólica…
Com o Vulcão do Fogo, a mesma coisa. Podíamos criar mais conteúdos sobre essa referência identitária regional e transformando-o num produto nacional, com representações nas artes plásticas, na música, no artesanato, apostando na fileira de produtos relacionados com o nosso património. Outra coisa interessante de se fazer é a compilação de toda oratura relacionada com o vulcão. Falo de lendas, estórias, discursos, eventos, relacionado com o vulcão.
Numa altura em que tanto se fala de empreendedorismo, de desemprego, de indústria cultural, entre outros palavreados, porquê que não foi feito … em vez disso gasta-se milhares de contos em “porcarias” que nada contribuem para o desenvolvimento. “Porcarias” sim, porque o governo e algumas autarquias parecem que não conhecem o nosso país.
As coisas estão à vista de todos. Na nave da memória. O problema é regatar a memória.
E as universidades estão a fazer o quê? Tanta coisa para fazer! Cabo Verde é um país virgem.

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