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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Bouca III- desenvolvimento comunitário



O desenvolvimento comunitário, baseado na apropriação endógena dos recursos disponível para a reactivação, a regeneração e alavancagem, é possível. Refiro-me ao desenvolvimento local - ou melhor de várias localidades baseado na glocalidade, cujos atributos se fundamentam na inovação social, no património material e o imaterial (sem dúvida o poderoso activo de desenvolvimento de Cabo Verde), o empowerment, a criatividade e a educação para a cidadania.
Faz parte da prática da política pública apropriar modelos cuja aplicação na nossa realidade fracassa em vários níveis: uma política educativa “acumulativa” e desenquadrada; a nossa memória colectiva, o património imaterial, tem sido aspectos laterais na política pública. A justiça lenta, com inúmeros processos a prescrever e por arrasto o descrédito no “não-sistema”. Daí o “síndrome” patológico da sociedade: somatório de morte e a tendência para a sua banalização. A excessiva dependência do Estado tem sido entrave para outros voos; o engajamento comunitário para o desenvolvimento e a reactivação da memória para o desenvolvimento sustentável e integrado.
A criação de um programa do desenvolvimento comunitário, de forma extensiva e intensiva, seria sem dúvida uma das vias indispensáveis para a resolução de inúmeros problemas que o país enfrenta. O seu impacto, a sua medição, só seria efectiva ao longo prazo. Tratar-se-ia de aspectos ligados ao desenvolvimento agregando valências da civilidade, da cultura, da economia, na perspectiva sustentada e integrada. Para conseguir esse desiderato, o Estado teria de mudar a sua estrutura. O recorte de competências, a descentralização e a desconcentração das decisões e recursos. O Estado interviria nos aspectos da mediação, de incentivos, residualmente, no consumo e na produção.

BI (Bilhete de Identidade) da Comunidade 
A vivência comunitária faz parte da nossa trajectória enquanto colectividade. É na comunidade que a nossa memória colectiva se constrói e se reconstrói. O nó da coesão colectiva passa por esses suportes de memória. No passado, o nó era mais forte; actualmente, cada vez mais frouxo. É na comunidade que se construíram Histórias, estórias, fábulas e lendas, que certas personalidades perpetuam na nossa memória. Todos nós temos na nossa memória eventos, acontecimentos que se tornaram referências. É com essa selecção da memória, de recortes de eventos, que se constrói o BI da Comunidade. Identificar na comunidade a imaterialidade que se encontram nos baús da nossa memória. Seria interessante demais ouvir dos mais velhos os ensinamentos, reactivando a memória positiva; escrevendo a história local em parceria com as escolas. Não há comunidade sem a memória. Identifica-la, documentá-la e ensiná-la é o nosso compromisso.

Criatividade, inovação e a economia local
A criatividade sempre aconteceu e acontece no seio da comunidade. A história das manifestações culturais é cristalina nesse aspecto. Inventou-se géneros musicais, recriou-se manifestações culturais, apropriou-se e tem-se apropriado de outras geografias e outros mundos. Infelizmente que, essas construções e reproduções, não contribuíram no desenvolvimento económico da comunidade. O desenvolvimento da economia local, com o envolvimento da comunidade, seria fundamental para a auto-sustentabilidade da comunidade e na suavização do estado-dependência.
Na comunidade poder-se-ia criar empresas (individuais e colectivas); pequenos artesanatos, industrias que exploram o património imaterial (CD, DVD, camisetas com estampas do nosso património); e outras empresas decorrentes da necessidade do mercado.

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