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sem titulo - Jorge.badiu |
Estou triste, de certa forma
preocupado com o desenrolar de situações urbana em Cabo Verde. Sem falar no
arranjo do espaço urbano, o arranjo mental de algumas pessoas pode perigar a
situação de paz social na minha querida Praia City. As pessoas já exteriorizam as
suas raivas no espaço público aos olhos do mundo; coisa que só acontece sob
anonimato nos jornais online. Eu, como cidadão praiense, fico muito preocupado porque
tenho família, sonho, memória da minha morada, cada vez mais fustigada pela violência
furtuita. Vila Nova nunca foi o eldorado de paz, de intensa sociabilidade na
comunidade. Essa história de ver para o passado como se fosse a romaria de paz,
o ideal tipo de uma sociedade, é uma falácia.
A situação é preocupante. Paira
no palco da urbe, o sentimento de desconforto, de insegurança e de passividade
das autoridades. As pessoas já falam em justiça fafe como forma de resolverem
os diferendos, latente e manifesta, com os grupos de thugs. As paciências estão
a esvaziar-se. A raiva já se apossa na medula. Os bram-bram já se desenham.
O armistício sonegado da nossa
cultura é desprezado. As pessoas querem a força bélica para esquartejar a nossa
beleza de pacatez, de sobriedade, da nossa forma de ser. Quem nos visita, diz
que sim. O cabo-verdiano sempre foi paradoxal nos seus amores e desamores, nas
suas crenças e descrenças. Mas quando o povo se junta, a força colectiva se
transforma na formatação de nó que não desata. É o deslindar de
racionalidade e de irracionalidade nos seus contornos terríveis. Tenho memória
de década de 80, o fatídico assassinato de Armindo de Lalá. Era puto quando vi
a escaramuça na urbe. Os voos de pedras, garrafas, vozearia, de fermentação de corpos
de produção em série… barrulhos mil tomaram o espaço da urbe. Naquela época
chorei porque não percebia o fenómeno.
E agora? Praia, Praia! O poeta
fala do medo de uma possível “thuguização” como se este fenómeno não
existe. Quem quiser espreitar no púlpito podem ver o que ele postou. O problema
maior é o “thuguismo”, uma ideologia assassina que poderá vir a ser criada.
Este governo que só sabe
engordar o Estado precisa de um cartão vermelho. A Grécia, por causa de política
fatela, foi obrigado a emagrecer o Estado; e nós? Se calhar, no futuro, sem
segurança social, sem receita do Estado porque a taxa de mortalidade de
empresas é assustadora… iremos todos para o mar comer tainha.
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