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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

“Cabo-verdiano é um povo violento”. Cromossoma de manduco mora em nós



Numa sessão de confraternização com os jornalistas para comemorar algo que não fizeram, o Primeiro-ministro de Cabo Verde foi confrontado com a questão da criminalidade; e a resposta foi, para o espanto de alguns, “ que o povo cabo-verdiano sempre foi violento”. Ainda estou por perceber a objectividade desta afirmação. Quem aconselhou o nosso PM que o problema está no cromossoma de um povo? Foi o Correia e Silva? Aliás, vi na televisão o sr. a afirmar que temos uma história de violência… mas isso não quer dizer que estruturalmente somos violentos. Ainda não percebi por que cargas d’agua andam a esconder o problema tão evidente que é o fracasso do modelo de governação.
Ainda não perceberam que o problema passa pela mudança de mentalidade dos seus governantes que tudo fazem para separar os cabo-verdianos; não perceberam que o desenvolvimento de políticas de tachos enfurece a tudo e todos, principalmente os jovens que estão cada vez mais com expectativas em baixo; não perceberam que as abordagens dos problemas precisam de mudanças profundas, que o mesmo passa necessariamente pelas comunidades e na liberalização de oportunidades para todos e não para alguns…
Uma coisa é certa: fazendo uso de monopólio da violência contra os thugs, o governo está a perpetuar o problema de difícil controlo: a reconstrução identitária, a reposição e o reforço dos mecanismos de controlo social que resgatem os valores comunitários, ética de trabalho, de crença nas instituições, etc.
Não é com discurso de culturalização da violência que se resolve os problemas do país. Não temos cultura de violência!… O senhor PM fez uma abordagem anacrónica da questão: tempo dos senhores das navalhas dos picos em épocas de funções, fermentada numa sociedade com características tradicionais, não tem nada a ver com a vingança da modernidade nas nossas cidades. Como todos sabem, o problema é de crime organizado nas cidades, e não rixas nos cutelos e funcos de Santiago. 

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