Numa sessão de confraternização
com os jornalistas para comemorar algo que não fizeram, o Primeiro-ministro de
Cabo Verde foi confrontado com a questão da criminalidade; e a resposta foi,
para o espanto de alguns, “ que o povo cabo-verdiano sempre foi violento”. Ainda
estou por perceber a objectividade desta afirmação. Quem aconselhou o nosso PM
que o problema está no cromossoma de um povo? Foi o Correia e Silva? Aliás, vi
na televisão o sr. a afirmar que temos uma história de violência… mas isso não
quer dizer que estruturalmente somos violentos. Ainda não percebi por que cargas
d’agua andam a esconder o problema tão evidente que é o fracasso do modelo de
governação.
Ainda não perceberam
que o problema passa pela mudança de mentalidade dos seus governantes que tudo
fazem para separar os cabo-verdianos; não perceberam que o desenvolvimento de políticas
de tachos enfurece a tudo e todos, principalmente os jovens que estão cada vez
mais com expectativas em baixo; não perceberam que as abordagens dos problemas
precisam de mudanças profundas, que o mesmo passa necessariamente pelas
comunidades e na liberalização de oportunidades para todos e não para alguns…
Uma coisa é certa:
fazendo uso de monopólio da violência contra os thugs, o governo está a
perpetuar o problema de difícil controlo: a reconstrução identitária, a
reposição e o reforço dos mecanismos de controlo social que resgatem os valores
comunitários, ética de trabalho, de crença nas instituições, etc.
Não é com discurso de
culturalização da violência que se resolve os problemas do país. Não temos
cultura de violência!… O senhor PM fez uma abordagem anacrónica da questão: tempo
dos senhores das navalhas dos picos em épocas de funções, fermentada numa
sociedade com características tradicionais, não tem nada a ver com a vingança
da modernidade nas nossas cidades. Como todos sabem, o problema é de crime
organizado nas cidades, e não rixas nos cutelos e funcos de Santiago.
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